domingo, 28 de agosto de 2016

Stonehenge



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Se existe lugar profundamente associado ao espírito pagão, esse local terá de ser, inevitavelmente, o círculo de pedras de Stonehenge (“pedras suspensas”), localizado na planície de Salisbury, no sudoeste de Inglaterra.
John Aubrey (1626-1697) foi o primeiro historiador a encontrar Stonehenge e, na altura, catalogou umas cavidades que encontrou no chão do templo, que só foram escavadas no séc. XX e às quais atribuíram o nome de Aubrey holes (buracos de Aubrey), em sua memória.
https://theheritagetrust.files.wordpress.com/2012/10/john-aubrey-1626-1697.jpgContudo foi o clérigo Henry de Huntingdon, muito antes de Aubrey, que citou pela primeira vez Stonehenge como uma incógnita histórica quando escreveu o seu livro sobre a história de Inglaterra por volta de 1130.

William Stukeley, nascido nos finais do séc. XVII, foi dos primeiros investigadores a tirar conclusões sobre este local. Foi ele o autor de alguns dos mais antigos desenhos de Stonehenge, e com base nas suas escavações afirmou que este monumento não era de origem romana ou anglo-saxónica, mas sim celta! Nessa época, era atribuída uma origem “celta” a todos os monumentos encontrados que não eram romanos, pois faltava a esses estudiosos uma cronologia histórica, inexistente então. Infelizmente, este tipo de erros sobreviveu durante muito tempo no imaginário coletivo e muitos foram os que continuaram a acreditar que Stonehenge tinha sido construído pelos celtas, e até mesmo pelos druidas! O trabalho destes dois pesquisadores foi, ainda assim, extremamente importante no seu tempo, e ainda hoje são considerados os fundadores do druidismo moderno.
 http://www.bestvaluetours.co.uk/images/products/pt/xl-p-811-Stonehenge-summer-solstice-sunrise.jpg
Recentemente, em 1965, um astrónomo norte-americano, Gerard Hawkins, descobriu que a partir do alinhamento de alguns pontos do monumento era possível saber quando aconteceriam eclipses, o que reforça ainda mais a ideia de que Stonehenge era um monumento de culto.
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/6/67/Stonehenge_render.jpg
Existe uma lenda do séc. XII, divulgada por Geoffrey de Mounmouth, que afirma que as altas lajes usadas na construção de Stonehenge foram trazidas pelo druida Merlim das planícies da Irlanda aquando da sua construção. Stonehenge, como hoje é sabido, é uma construção que remonta ao Neolítico e terá tido profundas reutilizações desde então.  É bastante plausível que este local tenha servido de templo para os antigos druidas, tendo em conta a ocupação da área envolvente. Foram encontrados artefactos que chegam ao período romano e medieval, o que comprova a sua recorrente utilização. Crê-se que a ocupação do local remonta ao Mesolítico, teoria atestada pelos buracos de implantação de postes aí encontrados. A estrutura foi sendo amplamente modificada e aumentada, e as sucessivas vagas de implantação foram decorrendo ao longo de milhares de anos. Pode-se afirmar que a primeira estrutura terá sido erguida em 8000 a.C. e a sua construção não terá estagnado até 1600 a.C. 
http://www.thetimes.co.uk/tto/multimedia/archive/00245/99928853_Stonehenge_245423c.jpg

As fases de construção deste imponente monumento serão alvo de um outro artigo neste blog.

Adaptado de “Mandrágora – O Almanaque Pagão 2011”, 1ª edição, 2010, Sintra – Portugal, Ed. Zéfiro